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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HÉLIA DUTRA DE CARVALHO AGUIAR 

(Cambará do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil ) 

Radicada em Porto Alegre, começou a escrever apara um jornal de sua terra natal.
Faz parte da Casa do Poeta Riograndense, tendo participado da coletânea literária da instituição.
 

 

LITERATURA RIOGRANDENSE  VOL. 6  (Poesia & Prosa).  Org. de Nelson Fachinelli.   Capa de Mozart Leitão.  Porto Alegre, RS: Editora Proletra, 1985. 126 p.    Col. Literatura Riograndense Atual, v. 6).                                      Ex. bibl. Antonio Miranda – doação do livreiro Brito (DF) 

 

CAMBARÁ
(Minha terra natal)

 

Estando em minha terra natal,
sinto-me mais forte, mais feliz.
Longe de ti, sinto saudade
e meu coração sempre te bendiz.

O teu céu é bem mais azul
e calmo, ameno, é teu vento.
O frio — quase nos congela,
mas tua beleza é aquecimento.

Passa o tempo e a noite vem,
Ouve-se  um pássaro a cantar,
como um aviso de querer-bem,
de que a Primavera vai chegar.

Em ti, as horas parecem mais curtas,
e todos, pelo que vi, são felizes.
Como é bom voltar ao Pago que se adora,
retornar feliz às nossas raízes.

 

 

CASA VELHA

 

Como me lembro de ti casa velha!
Recordo a infância e toda brincadeira...
São coisas, que a gente nunca esquece,
Embora a infância seja passageira!...

Se eu pudesse retornar ao passado
Eu queria voltar pra casa tão bela,
que — apesar de velha, era bem limpinha,
E nela brincava-se à luz de vela

Hoje, sozinha, sofrendo o esquecimento,
Lembro-me da infância, do meu passado.
E hoje só posso dizer que já vivi
Naquele lar fez, despreocupado.

Parece que se passaram mil anos,
E, de tudo ou pouco, nada mais resta,
Só a saudade envolta a me perseguir
Querida CASA VELHA cheia de festa!

 

 

SAUDADE

 

Saudade quer dizer ausência,
Saudade se chama uma flor.
Saudade, também, é distância,
Sinônimo de muita dor.

Saudade vista como flor;
Tem perfume e tem linda cor.
Saudade, porém, como ausência;
É lembrança de um grande amor!

Quando se diz ter saudade
A nossa alma chora à toa:
A gente sofre calada,
Lembrança de coisa boa.

Quem vive ausente e só,
Conta o dia que passa;
Pensa no dia de amanhã,
Sem ao menos achar graça.

 

 

PALAVRAS
(Em três tempos)


I

São as palavras
que aproximam as pessoas.
Com palavras
se transmite tudo o que se sente.
É com elas,
que se dez toda a verdade
E também expressamos
se com a vida estamos contentes.

II

Eu tenho
muitas coisas para dizer
só, que na hora,
me fogem da mente,
as palavras que deveria dizer
naturalmente.
Eu sofro
por não ter o dom da palavra.
Sou tímida.
Talvez, por isso, me calo.
E, mais tarde,
no silêncio da noite,
— a cismar —
penso e questiono:
por que o que tenho a dizer-te,
quando é preciso,
timidamente, eu não falo?

III

Ouça
o que tenho a dizer-te
(Não é nenhuma mentira);
A tua ausência
para mim é morte.
Quando durmo,
vejo-te em meus sonho.
A tua presença seria
para mim:
Felicidade e Sorte

 

 

DESEJO

Acalento
um grande desejo:
um pouco de mim para dar.
Ajudar o mundo,
dando, perdoando,
e ensinando amar.

Embora
se encontre nesta vida
espinhos e pedras
machucando o coração,
vamos jogá-las todas
para bem longe
e em troca ensinar-lhes
uma nova canção.

Acalento
alcançar o que desejo
e, bem sei,
um tanto difícil de se ter:
um mundo, o nosso mundo
bem mais humano, mais amigo,
e bem melhor para se viver!


MÃE

Há uma mulher, que embora humilde,
Traz segredos da vida. Nunca igualada:
É uma mãe — que apesar de pobre e simples
Será sempre, no mundo, a mais invejada.

Se faz feliz, se satisfaz com pouco,
Quase sempre se contenta com migalhas:
Tanto de atenções, como de preocupações:
Talvez, por isso, que o mundo tem falhas.

Todas as dores ela suporta e as esquece
Num instante, quando o filho algo lhe diz.
Sendo fraca, às vezes, tem força de leão;
E sendo pobre, torna-se rica e feliz.

Quando o filho recebe um carinho,
Chega às vezes, até a perder a linha.
Quando os filhos crescem forte, sadios
A mãe chega até a sentir-se rainha.


ECOS

É o vazio que alimento,
o sombrio que vejo.
São ecos e sons,
que se ouvem ao longe.
São sinos de bronze,
que na noite escura
repicam ao longe.
em vez de azul.
A canção que escuto
me espanta
me assusta
porque
parece que sabe
o quanto eu
estou sofrendo.
Aos poucos,
vou morrendo
de tédio, de medo,
no amanhã
— sem expressão —
no meu segredo,
na solidão.

*

 

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Página publicada em setembro de 2021.


 

 

 
 
 
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